MARACATU
"Meu maracatu
É da coroa imperial
Meu maracatu
É da coroa imperial
É de Pernambuco,
Ele é, da casa real
É de Pernambuco,
Ele é, da casa real"
FICHA TÉCNICA:
vídeo por Norma Odara Fes
Interpretação em libras por MÃO PRETA LIBRAS
com Greicy Santos
DATA: 2015
Meu maracatu
É da coroa imperial
Meu maracatu
É da coroa imperial
É de Pernambuco,
Ele é, da casa real
É de Pernambuco,
Ele é, da casa real
Oh nêgo,
onde é que tava tú?
que eu não te vi naquele maracatu
quando a batucada passou
eu não vi a nêga girar a saia
nem a meninada cirandar no meio da praça
eu não vi graça
eu achei tudo muito insossa, sem sal
num tinha negros no batuque, fiquei mal!
Eu fui perguntar ao moço do apito quanto era pra desfilar e,
ele me disse: - se quer ser feliz tem que pagar!
mais adiante, tinha um monte de gente branca
com cara de que tinha dinheiro
uns eram estudantes de até engenheiro
os negros, onde estavão?
Senti dor na ausência
Cadê as pretas rainhas que no baque são excelências
lembremos o passado, das riquezas da história
em que negros eram reis
os avós, as memórias
por isso, eu digo em alto e em bom som
em batuque que não tem negro
o meu corpo tem desapego
Transcrição da poesia: Lika Rosa
O poeta Daniel Marques da Silva é um dos Fundadores e integrante do sarau O Que Dizem os Umbigos”, do Itaim Paulista, bairro onde morava no extremo leste de São Paulo. Figura relevante da cena cultural periférica, músico jongueiro e percussionista de maracatu. Na área acadêmica, pesquisou a cultura da periferia. Questão política sempre presente em suas obras; temas como acesso à moradia, violência e racismo eram frequentemente mencionados. O artista chegou a participar dos debates pela aprovação da Lei de Fomento às Periferias, e da ocupação da Funarte (Fundação Nacional das Artes) em 2010. Neste ano, esteve envolvido ativamente nas manifestações contra o congelamento de verbas municipais para a área da cultura. Seu legado de uma trajetória de luta; síntese de memórias e vivências que nos cabe honrar e reconhecer.