NÃO SOU MULHER PRA CASAR
"(...)
A mulher tem que ficar calada
O trabalho é todo dia
Horário de almoço é na beira da pia
Lavar passar cozinhar limpar
A produção não pode parar
A noite reprodução
Saber chupar, trazer, fazer gozar
E logo ter filhos para cuidar
É em tempo integral
Sem benefícios
(...)"
FICHA TÉCNICA:
Video por Slam Resistência
Interpretação em libras por MÃO PRETA LIBRAS
com Carol Fomin
DATA: 2015
Um dia um homem me disse que eu não era mulher pra casar
Pensei, pensei, pensei
E concordei
Realmente
Eu não sirvo pra isso ou pra aquilo
Afinal eu não estou aqui pra servir
Casamento pra você é serviço
Contrato firmado
Depois de contratada
"Shiu!"
A mulher tem que ficar calada
O trabalho é todo dia
Horário de almoço é na beira da pia
Lavar passar cozinhar limpar
A produção não pode parar
A noite reprodução
Saber chupar, trazer, fazer gozar
E logo ter filhos para cuidar
É em tempo integral
Sem benefícios
Sem direito a vale emoção ou vale sorte
E as exigências não param por aí:
É preciso trabalhar perfumada, bem arrumada e estar sempre bem humorada
Afinal, a imagem da empresa não pode ser manchada
Sendo assim;
Prefiro ser minha
Ter a carteira do cartório vazia
Levar sobrenome de vadia
a me casar com alguém como você
Sexista
Moralista
Conservador
Que conserva a dor
Observa a ferida
Absorve minha vida
Me quer serva
E de quebra
Bem servida
Sabrina Lopes
Sabrina Lopes é escritora, poeta, fotógrafa, produtora cultural, oficineira e atriz. Atualmente é Integrante da Coletiva FemiSistahs, grupo feminista que realiza saraus pela cidade. Está em circulação online com a peça Essa Gente que Menstrua, uma dramaturgia escrita e atuada por mulheres de quebrada. Além de artista é arte educadora, acredita que a educação é revolucionaria e anda de mãos dadas com a arte. Sabrina carrega a palavra no peito, para ela é no verbo e em suas expressões que está o caminho.