FILTRO
limpar filtros
buscar por:
  • POESIAS
  • POETAS
  • SLAMS
ordenar por:
  • mais recentes
  • mais antigos
  • ordem alfabética A-Z
  • ordem alfabética Z-A
< poesias

Fragmentos

por Mariana Felix

sobre a

POESIA

Fragmentos

"Isso que escrevo são fragmentos, versos soltos...
O silêncio que precede o esporro.
Sou a que te causa mal estar
Aquela que somente a noite você vai lembrar
Quando estiver só você e o travesseiro"

FICHA TÉCNICA:
vídeo por Slam Resistência
intrepretação em libras por MÃO PRETA LIBRAS
com Thalita Passos

DATA:

Isso que escrevo são fragmentos, versos soltos...
O silêncio que precede o esporro.
Sou a que te causa mal estar
Aquela que somente a noite você vai lembrar
Quando estiver só você e o travesseiro
No intervalo de quando você bate uma, pensando na filha da vizinha
Que tem apenas 10 anos e mal tem seios.
E que você diz que já tem cara de safada
Mas reconhece sua própria imundice
Por isso que diz isso...mas nunca em voz alta, eu sou o nó na gravata
O incômodo do trabalho forçado, que pelas notas você faz
Mas para me ouvir não se dá ao trabalho.
Sou o barulho do comprimido caindo na bebida
Da menina que mais tarde seria violentada
Mas que você não avisou, mesmo chamando-a de amiga.
Eu sou o espaço vão daquela encoxada, que você me deu
Achando que eu não sentiria nada. Mas eu sinto...sinto muito!
Pelos seios mutilados das mulheres que contra a ditadura foram luta
Hoje eu luto!
Eu sou o motivo silêncio de cada um dos seus surtos...
Segurando a garrafa, com a promessa de que rasgava a minha cara
Eu sou o baque de cada soco dado em minhas costas, já tão cansadas.
A lágrima escondida no pano de prato
Das vozes gritadas, das ofensas endereçadas, dos corpos sem abraços.
Sou aquilo que antecede o estupro
Do colinho do tio, dos cinco caras me coagindo no terreno baldio, do choro que ninguém viu
Do banho que não me limpava, do medo que eu sentia do despertador da sala
Da sua tortura com hora marcada, eu sinto nojo de suas cantadas.
O momento reprise de cada vez que já fui xingada: "Sua Puta!" "Mal Amada!"
Eu sou o vômito daquela vez em que você se esfregou em mim e disse: “calada!”
Sou o medo baixinho, o corpo encolhido, a culpa invadindo
Eu sou as vezes em que me disseram que eu estava mentindo.
Sou morte em vida, sou todas as vezes em que presenciamos um crime,
mas preferimos virar a esquina
“Alguém me ajuda”
Mas naquela noite não tinha ninguém na rua.

sobre o

POETA

Mariana Felix

Escritora, slammer e apresentadora. Tem quatro livros publicados: "Mania" (2016), "Vício" (2017) e "Abstinência" (2019) essa trilogia com poesias, crônicas e dissertações sobre o empoderamento feminino, a relação da autora com a cidade e o amor e “Sexo, drogas feminismo e outros amores” (2020) traz uma prosa poética com as leitoras, convidando a mudar algumas certezas de lugar.  Ministra a Oficina Cicatrizes, de produção textual e performance, voltado ao público feminino plural. É uma poeta formadora do projeto Slam Interescolar, que leva os Slams a mais de 100 escolas de São Paulo, é uma das organizadoras e idealizadoras do projeto Copa das Favelas, que fomenta 20 Slams de São Paulo. Tem mais 400.000 seguidores em suas redes sociais. É poeta por escolha.

SLAMS

ver todos >

Slam Fluxo

Slam do Verso

SLAM JAZZ

Slam do 13

Estéticas da Periferia

Slam Vida Viva

Slam Resistência

Slam da Guilhermina

TAGS