POESIA DIDATICUZINHU
"Disseram que sou feminista e que falo de “cú”
Então resolvi fazer um poema “liricú” e bem “didaticuzinhu”
Pra poder explanar sobre a relação abusiva de sexo e poder,
aí você vai ver
que desde que o mundo é mundo,
a voz da mulher sempre foi
--calada--"
FICHA TÉCNICA:
vídeo por Slam da Guilhermina
Interpretação em libras por MÃO PRETA LIBRAS
com Carol Fomin
DATA: 2017
Disseram que sou feminista e que falo de “cú”
Então resolvi fazer um poema “liricú” e bem “didaticuzinhu”
Pra poder explanar sobre a relação abusiva de sexo e poder,
aí você vai ver
que desde que o mundo é mundo,
a voz da mulher sempre foi
--calada--
Desde quando o bando de Cabral chegou,
impondo seu poder às “custas” de muita índia e negra estuprada.
Não, não, não, peraí...
Vamos voltar muitos “anús” atrás:
Porque desde que Deus criou Eva, depois de Adão,
O homem entendeu tudo errado
E já começou a humanidade se achando o melhor, o bonzão
E Eu poderia dizer várias fitas p/ rimar com essa questão:
Cada vez que você goza e ta pouco se lixando
pra a sensibilidade do meu tesão;
Cada vez que eu te ofereço amor e você me devolve
a superficialidade de uma falsa paixão;
Cada vez que você me atravessa brutalmente com o seu sim
achando que vai ser mais forte do que o meu Não;
Cada vez que você me chama de feminista, louca, puta
e não respeita a minha condição;
Cada vez que no mesmo cargo você ganha um salário mais alto
e sai na vida bradando razão;
Cada vez que a sua estupidez grosseira
não respeita as lágrimas da minha emoção;
Cada vez que você esquece - na prática- que nasceu de um útero
e não da costela de Adão!
Então, então...
Você que se acha muito machão: Cuidado!
As minas estão chegando forte, munidas de poema,
pra denunciar o patriarcado!
E nem é guerra de ego ou ameaça velada
É só pra lembrar que a nossa voz nunca mais será calada!!!
E nem adianta me cuspir o seu cinismo
Eu to é cansada dessa merda de falocentrismo
Então, eu falo da falácia desse falo
A minha voz eu não calo
E se você não ta pronto p/ diálogo
fica calado!
fica quietinho e escuta
E guarda no bolso essa sua tese, de achar que toda mina empoderada é puta.
E cada vez que você pensar em chamar uma mulher de puta,
lembra bem da mãe que te pariu. E sentiu, a dor do parto.
Porque se você acha que o teu membro é dono do mundo,
lembra bem, que na parcela de contribuição, tú só deu uma esporrada,
Pois foi no ventre de uma mulher que a tua vida foi gerada!!!
MONIQUE MARTINS "AMORA"
Atriz, arte educadora, contadora de historias, poeta e agitadora cultural. Teve formação profissionalizante como atriz, pelo Studio Beto Silveira de teatro. Graduada com licenciatura em artes cênicas pela Faculdade Paulista de Artes. (FPA) E pós graduanda em Teatro do Oprimido e Psicologia social pela Facon, com coletivo Garoa. Foi uma das idealizadoras e apresentadora do Slam do Prego (Poesia de Resistência de Guarulhos) e do Sarau Plantar. É o tipo de gente que sonha grande e quer incentivar pessoas a sonharem também Trabalha e atua como arte educadora, ministrando oficinas de teatro, poesia e auto conhecimento.