A MORTE DE UM DO SERTÃO

"E o nordeste é bom
É bom de se pensar que
O NORDESTE é bom
AÉ bom de se pensar"

Sim, eu descendo de nordestinos
Em mim existem vários destinos
Talvez... cometa sérios desatinos
Por detestar trabalhos matutinos

Criticam de meus irmãos o sotaque
Com ira partem direto pro ataque
Deixo de lado... o meu atabaque
Por ver um corpo cair num baque

Isso aconteceu em Santa Catarina
Onde encerrou-se de vez uma sina
De um membro da nação Nordestina
“Quiça”, de mais uma Vida Severina

Trabalhava vendendo rede
Tentando matar fome e sede
Lá sem casa... (teto e parede)
Já sem vida o seu corpo cede

Morreu deitado na areia
Sem ter quem ali creia
Vendo talvez uma sereia
E não fez a última ceia

O que importa está morte?
É só mais um sem "sorte"
Que veio “só” do “norte”
E que não tem daqui o porte

Deveria ter ficado em sua terra
Aqui... declaramos uma guerra
Contra esses feios "pé-de-serra"
Que o nosso progresso emperra!

Essa fala do litoral catarinense
Faz com que toda a gente pense
Que esse pensamento "non sense"
É dito apenas para dar suspense

Não! É procedimento que se difunde
De racismo, preconceito e se funde
A querer que o diferente se afunde
E que a mistura não mais fecunde
Chega dessa infame intolerância
Que gera somente asco e ânsia
Tua terra pode ter até abundância
Mas causa em nós só repugnância

Se querem de nós O EXTERMÍNIO
Trabalharemos para ver o declínio
Pois acabou de vez o seu domínio
Não temos mais em nada teu fascínio

Partiremos para longe desse povo boçal
Que voltará a exercer o trabalho braçal
O nordestino não será mais só serviçal
Apodreçam nesse seu imenso lamaçal!

"E o nordeste é bom
É bom de se pensar, pois
O nordeste é bom
É BOM VOCÊ PENSAR"