O SANGUE NOSSO DE CADA DIA
"Há sangue no grito rasgado
da garganta que arranha
Há sangue
da voz que me calam
da voz que me escorre
sangra e apanha
Há sangue dos tiros que deram contra ela
Há sangue nas mãos deles"
FICHA TÉCNICA:
vídeo por Slam Guilhermina
Interpretação em libras por MÃO PRETA LIBRAS
com Thalita Passos
DATA: 2018
Há sangue no grito rasgado
da garganta que arranha
Há sangue
da voz que me calam
da voz que me escorre
sangra e apanha
Há sangue dos tiros que deram contra ela
Há sangue nas mãos deles
e de todo vermelho luta da voz calada de Marielle
Há mancha de sangue na minha história escorrida
da chibata da pele das minhas ancestrais
e do peso da minha própria mãe que desistiu da própria vida
Há mancha de sangue me lava
aos litros
há dias
há meses
há anos
A cada vez que eu choro ,
grito
ou
sangro
querem me chamar de histérica
e me matam aos poucos como fizeram contra todas elas
a cada gota que pinga
a cada gozo negado
a cada voz é interrompida
é um pouco de morte que trago.
Morrer é um rombo no buraco do desconhecido
Morrer é facil
viver tá difícil.
E essa estrofe já poderia ser mesmo o verso final
Mas é que ainda há tanta coisa para ser dita
que eu escolhi lutar pela minha e pela nossa vida
todos os dias eu acordo
e peço força de decidir lutar
pela minha e pela tua vida
pra cada gota de sangue escorrida
uma nova poesia será escrita
pra cada voz silenciada uma nova passeata política será armada
Eu andarei armada de caneta e papel
Em manifesto lírico pra cada alma injustiçada que foi pro céu
Eu andarei armada de papel, caneta, poema, pente e pandeiro
prontíssima pra denunciar em barulhada a falácia desse mundo pardieiro
esse mundo que quer ser armado,
mas não é amado
esse mundo que me afeta,
mas falta afeto
então andarei armada de pente, papel, caneta, poema e pandeiro
tão pronta pra denunciar em barulhada a falácia desse mundo pardieiro
que minha alma declama nua
dizem Amora Silvestre declamando,berrando
na praça, na rua, até na Lua .
Mas, se me queriam histérica, me verão histórica.
Porque como diria Belchior:
“É que eu tenho sangrado demais, tenho chorado pra cachorro"
MONIQUE MARTINS "AMORA"
Atriz, arte educadora, contadora de historias, poeta e agitadora cultural. Teve formação profissionalizante como atriz, pelo Studio Beto Silveira de teatro. Graduada com licenciatura em artes cênicas pela Faculdade Paulista de Artes. (FPA) E pós graduanda em Teatro do Oprimido e Psicologia social pela Facon, com coletivo Garoa. Foi uma das idealizadoras e apresentadora do Slam do Prego (Poesia de Resistência de Guarulhos) e do Sarau Plantar. É o tipo de gente que sonha grande e quer incentivar pessoas a sonharem também Trabalha e atua como arte educadora, ministrando oficinas de teatro, poesia e auto conhecimento.